sábado, 26 de março de 2011

Hesitou à minha frente. Foi isso mesmo. Hesitou à minha frente como se eu, bicho estranho, não quisesse ser outra coisa que não um bicho estranho, de outra espécie. Voltou. Espreitou-me por entre as árvores. Avaliou-me. Calculou o perigo iminente. Revoluteou o corpo esguio em uma manobra de contra-ataque repentino. Mirou-me, as pupilas dilatadas e a íris de um brilho verde-selvagem.
Sondou o terreno. Cogitou obstáculos. Estrategista, arrastou-se pela relva observando o campo inimigo. Optou por uma retirada rápida nos primeiros cem metros rasos. Esperou a recidiva belicosa das tropas inimigas. Nenhum sinal. Operação concluída. Poderia continuar sem sobressaltos, sua caçada noturna. E, eu, cá com meus botões, questionava, sou mesmo tanto perigo? Antes que me esqueça, intitulo estes dois parágrafos de “Gatos”.

J.P.G. Monroset

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